Com a pandemia impulsionando mudanças significativas no cenário de trabalho, o debate em torno do trabalho remoto versus presencial tem sido intenso e contínuo.
Jaciara, CEO e Fundadora do Grupo RHOPEN, destaca sua experiência como empresária e investidora em empresas que adotaram o trabalho remoto antes mesmo de se tornar uma tendência pós pandêmica. Ela enfatiza que o trabalho remoto é uma realidade permanente, mas ressalta que nem todas as empresas e pessoas se adaptam igualmente a esse modelo, e isso é perfeitamente aceitável.
Uma das reflexões centrais da Jaciara é a importância de compreendermos as pessoas e as relações no ambiente de trabalho. Ela observa que muitas vezes as empresas ainda lidam com uma mentalidade infantilizada, incapaz de reconhecer a individualidade e as necessidades dos colaboradores. Destaca também que a produtividade vai além do presenteísmo, e que a cultura forte de uma empresa não depende exclusivamente do modelo de trabalho adotado, seja ele remoto, híbrido ou presencial.
Uma analogia interessante é feita com o sol: assim como não precisamos estar fisicamente próximos do sol para sentir seu calor, a distância física não enfraquece a força das relações e da cultura organizacional. Jaciara enfatiza a importância de líderes empoderados e de relações de trabalho bem alinhadas, sugerindo que o foco deve ser no desenvolvimento e na valorização dos colaboradores como adultos responsáveis e produtivos.
Portanto, para Jaciara, a cultura organizacional é um alicerce que sustenta o funcionamento harmonioso de uma empresa, seja ela operando de forma remota, híbrida ou presencial. Essa visão ressalta a importância de investir na construção de uma cultura que promova o bem-estar dos colaboradores, estimule a criatividade e a inovação, e esteja alinhada com os valores e objetivos da empresa a longo prazo.
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ToggleEstatísticas sobre o crescimento do trabalho remoto e híbrido
O crescimento do trabalho remoto no mundo é um fenômeno observável e que vem sendo impulsionado por diversas transformações sociais e tecnológicas.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que, durante a pandemia de COVID-19, cerca de 23 milhões na América Latina e no Caribe foram obrigadas a migrar para o trabalho remoto. De acordo com uma pesquisa conduzida pela consultoria BMI, dentre as 56 empresas entrevistadas, 80% indicaram que estão adotando ou planejam adotar o modelo híbrido nos escritórios após a pandemia.
O trabalho híbrido, com dois dias no escritório, é o mais adotado no país, por 45% das empresas, segundo o relatório da consultoria JLL. A pesquisa também revela que as empresas brasileiras adotam mais o modelo híbrido de trabalho do que as do resto do mundo.
De acordo com um estudo da McKinsey, 87% das pessoas trabalham de forma flexível quando têm a possibilidade de fazê-lo.
Mais da metade (57,1%) dos empregados acreditam que o trabalho híbrido e remoto melhorou a cultura de sua empresa. São evidentes diferenças geracionais significativas, com 61,7% dos millennials acreditando nisso, em comparação com 46,9% dos Baby Boomers (Cisco).
A maioria dos trabalhadores que experimentaram o trabalho remoto/híbrido destacou benefícios como flexibilidade, redução do estresse relacionado ao deslocamento e aumento da qualidade de vida.
Produtividade no trabalho remoto e híbrido
Estudos realizados pela Owl Labs, indicam que 90% dos colaboradores sentem-se tão ou mais produtivos a trabalhar remotamente do que no escritório.
Pesquisas conduzidas pelo Project Management Institute (PMI) mostram que o modelo híbrido e o remoto, pode resultar em níveis de produtividade comparáveis ao trabalho presencial exclusivo. Isso se deve à flexibilidade e à capacidade de os colaboradores escolherem o ambiente mais adequado para cada tipo de tarefa.
Além disso, em pesquisas conduzidas pela Cisco, 74% dos entrevistados afirmaram que o trabalho híbrido contribuiu para a melhoria das relações familiares. Outros 59% consideraram que esse modelo permitiu um maior nível de autodesenvolvimento em termos de conhecimentos e competências profissionais.
Esses dados evidenciam que o trabalho remoto/híbrido pode ser tão ou mais produtivo do que o trabalho presencial, desde que as empresas adotem estratégias eficazes de gestão, comunicação e avaliação de desempenho. Além de oferecerem suporte adequado aos colaboradores para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Em resumo, Jaciara oferece uma perspectiva valiosa sobre a volta ao trabalho presencial, destacando a importância de entendermos as nuances do trabalho remoto, híbrido e presencial, e de promover relações de trabalho maduras e produtivas. Essas reflexões são pertinentes não apenas para o cenário atual, mas também para o futuro do trabalho.